segunda-feira, 4 de maio de 2015

Essa Tal Segurança

(Arte:James R. Eads)

Essa tal segurança que a gente busca
Tão constante e tão presente em alma brusca
Faz a gente achar que tudo está garantido
Faz a gente achar que tudo está subindo
Mas quando inseguros
Muito antes de almejarmos nossos seguros
Tendemos a nos jogar nessa diversão
Achando que alguém ou algo poderá nos dar chão
Mas o que é a vida e o mundo se achamos que ela é resumida em luxo, conforto e boa morada?

Apenas me coloco aqui como mais um tagarela
Não desmerecendo os feitos e as grandezas do homem
Nem descreditando toda essa farta ganância que nos consome
Mas vejo a segurança como uma grande lambança

Como podem ver, sou mais uma mente tagarela
Que colhe o que planta, sem exatamente importar-se com essa balela
Balela humana de ter medo de tudo
De querer se assegurar em qualquer muro
Sem nem ao menos perceber e olhar
Que o início de uma vida segura
É morrer pro velho estar
E renascer pra vivenciar
E aprender a olhar para o ponto mais seguro
Que nunca te deixou, mas é consentido como obscuro

É, pode acreditar
Essa segurança inflada vai falhar
Mas não antes que você aprenda a se contemplar
No seu próprio chão e no seu próprio observar
Qual vai ser o seu choro e o seu lamentar?

Flores e Lágrimas nos Jazigos

(Arte: Tuco Amalfi)
Sufocamo-nos uns aos outros enquanto vivos
Pra depois entregarmos flores e lágrimas nos jazigos

Intoleramo-nos enquanto vivos
Perdoamo-nos depois de mortos

Uma vida resumida em medo de morrer
Intenso egoísmo: distorção do viver

Na caça da vida boa, muitas são as presas
No sorriso de uma alma pura, poucas são suas certezas

Morreremos vivendo
Ou viveremos morrendo?

Na dúvida, fique aonde está
Na certeza, vá
E assim a gente se eterniza

Pratiquemos a dança do agora
Antes que mais uma vida vá embora

Aqui

(Arte: Tuco Amalfi)

Aqui é o meu lugar
No tudo e no nada
Na vacuidade
No mundo
E em mim mesmo

Me seguro em um só lugar
Não tem pra onde ir
Não tem como escapar
O único jeito é ficar
Aqui
Sem reclamar
Apenas sintonizar
O que existe desde o nascimento
Que constantemente estamos a evitar
É o meu ser
E o seu
Sendo tudo e sendo nada
Sem separação
Sem solidão
Inconstante de luz e escuridão

Aqui é o meu lugar
Dentro de mim
Dentro de você
Fora de mim
Fora de você

No vácuo espacial
No sofrimento carnal
No desconhecido
E no reprimido

Aqui é o meu lugar
Não há o que mudar
Apenas viver e ser
Sem forçar

Aqui é o meu lugar
Vamos nos aceitar

Estrelas Falantes


As estrelas estão sempre nos dizendo
Que embora distantes em nossa perspectiva ocular
O simples fato de brilhar 
Nos dá a certeza
De que tanto eu quanto você
Dançam a mesma valsa
De ser e existir
De pertencer a tudo
Brilhando
E se eternizando
Seja lá como cada um se faz do viver
E do simples fato de ser
O que sempre reluz
E o que sempre nos conduz
Ao mesmo lugar
De onde nunca saímos
Tão pouco existimos
Não há tempo nem espaço para se ofuscar
Não há tempo nem espaço para se desesperar
E mesmo que nossa ignorância e o nosso medo nos coloque a delirar
Vivemos a brilhar
De qualquer forma, em qualquer lugar