terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Vamos Falar Sobre Nós

(percezione visiva)


Em minha individual e constante busca por adaptação na vida presente (e em minhas relações pessoais) é frequente a tentativa de querer impressionar as aparências de quem, aparentemente, deseja envolver-se intimamente comigo, e que, naturalmente, me interesso. Reconheço essa minha postura como uma fuga, uma característica da vaidade, então busco, desde o conhecimento dessa condição, tornar-me cada vez mais fiel ao que sou e ao que demonstro ser, e assim, se possível, estabelecer minhas relações. Também busco humanizar-me, embora, constantemente, limito-me aos padrões e aos conceitos que já perderam os seus prazos de validade com a Verdade.

De fato, por mais que finjamos, existe uma realidade mística e um diálogo silencioso sob os olhos humanos. Talvez por sermos demasiadamente civilizados, nos tornamos um tanto quanto infiéis ao que realmente somos e, inevitavelmente, nos escondemos sob nossas peles. Particularmente, medito sobre esse viés da humanidade, mas também estou incluso nessa quase submissão coletiva, então, vulneravelmente, estou (assim como todos nós) a mercê de equívocos, falhas e de um comportamento inadequado (que assim seja por toda minha existência!).

Instintivamente buscamos um relacionamento ou alguém que nos complete, ou que preencha uma angustia e uma lacuna invisível. Buscamos sem parar, sejam por nossas experiências ou por crenças. Naturalmente, sempre buscaremos alguém para que possamos nos “completar” ou nos sentirmos mais completos, embora existam indivíduos que optam pelo isolamento, assim como monges budistas, tibetanos, etc. em suma, é reconhecível essa tão natural característica e busca humana, mas é evidente, ao meu ver, que as buscas estão confusas, distorcidas e sendo realizadas de maneira destrutiva. O desejo natural de constituir relações está absolutamente individualizado, então, fugimos e não nos relacionamos, por assim dizer.

 A busca, também, por segurança, conforto e tranquilidade é incessante, então, consequentemente, o medo é regente. De um modo geral, não conseguimos segurar (ou maneirar) nossa “necessidade” de nos expormos ao mundo e aos que estão a nos observar. Estamos, compulsivamente, tentando nos afirmar sobre a realidade e, de uma maneira absoluta, nos incluirmos a ela mais do que, de fato, estamos. O grito que não ouvimos, mas é evidente nas mais diversas formas de expressões humanas é: “EU EXISTO! ”.

Acredito que não existe uma forma objetiva de se dizer qual é a melhor maneira de se relacionar com o mundo e com as pessoas, tão pouco qual é a melhor forma de se viver em sociedade, visto que cada indivíduo se relaciona empiricamente ao seu modo e tem sua experiência existencial também única, entretanto, podemos afirmar que o ponto inicial das relações de cada indivíduo é ele mesmo: o observador. Sendo assim, é fundamental que cada indivíduo aprenda (ou reaprenda) a tomar consciência de si mesmo diante de sua observação. No meu ponto de vista, e fundamental que cada indivíduo, mesmo se sentindo incapaz de realizar essa ação, busque centralizar-se diante da realidade. É fundamental que cada indivíduo, mesmo passando por maus bocados, mesmo sofrendo, mesmo tendo algum tipo de dificuldade crônica e permanente, aprenda a se desvendar por si mesmo, libertando-se, assim, de toda essa auto enganação, de toda essa auto sabotagem, de toda crença ilusória e de todos os medos que lhe afastem de sua essência. Não é individualizar-se: é tomar consciência do que naturalmente é. Não é fugir da interação com o mundo: é encarar empiricamente o mundo. Não é tornar-se melhor: é tornar-se.

Observar por si mesmo é atemporal.